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Fetichistas do agrotóxico: governo liberou mais de um veneno por dia

Em audiência na Câmara, ministra da Agricultura disse que os pequenos agricultores ingerem agrotóxicos "porque fumam" ao aplicá-los

Ilustra: Robert Crumb
Da Redação
11 de abril de 2019, 16h04

Nos 100 primeiros dias do governo Jair Bolsonaro já foram liberados 121 novos agrotóxicos, mais de um veneno por dia. Neste ritmo, o Brasil se consolidará cada vez mais como líder mundial no consumo de agrotóxicos, posto que ocupa desde 2008, de acordo com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva.

Entre os agrotóxicos que agora podem ser utilizados, 40% são classificados como extremamente ou altamente perigosos para a saúde humana. Em relação ao meio-ambiente, 56% são muito perigosos. Uma das novas substâncias é o sulfoxaflor, proibido nos EUA por causar a morte de insetos, em especial das abelhas.

Outra substância liberada pelos fetichistas do agrotóxico é o Topatudo, uma variação do glifosato, cujo fabricante, a Monsanto-Bayer, sofreu mais um revés nas cortes internacionais: um tribunal de São Francisco decidiu que a substância foi um “fator importante” para o linfoma não Hodgkin (LNH) que vitima Edwin Hardeman, de 70 anos. A empresa foi condenada a pagar 80 milhões de dólares de indenização. Em direção oposta, a brasileira Anvisa concluiu, em fevereiro, que não há evidências de que o glifosato faça mal à saúde.

Entre os venenos liberados, 40% são classificados como extremamente ou altamente perigosos para a saúde humana. Em relação ao meio-ambiente, 56% são muito perigosos. Um deles é o sulfoxaflor, proibido nos EUA por matar insetos, em especial das abelhas

Dos produtos liberados pelo governo Bolsonaro, um é considerado extremamente tóxico, o Metomil, ingrediente ativo usado em agrotóxicos indicados para culturas como algodão, batata, soja, couve e milho. Além dele, quatro foram classificados como altamente tóxicos. Quase todos são perigosos para o meio ambiente, segundo a classificação oficial. Quatorze são “muito perigosos” ao meio ambiente, e 12, considerados “perigosos”.

Nesta terça-feira, em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, conhecida como “musa dos agrotóxicos”, chamou os venenos de “remédio das plantas” e culpou os agricultores por eventuais doenças que venham a ter porque não aplicariam os produtos devidamente, e ingerem o produto porque “fumam” ao aplicá-lo.

“Os pequenos produtores não têm essa capacitação feita para que eles tenham o cuidado e apliquem com roupas apropriadas, equipamentos apropriados, façam lavagem do equipamento e não fumem. Às vezes o sujeito fuma aplicando, e no cigarro ele acaba ingerindo o produto químico que ele está utilizando na aplicação do solo”, disse a ministra. Na mesma audiência, Tereza Cristina sustentou que o brasileiro não passa fome porque tem muitos pés de manga nas cidades.

Durante o último ano do governo Temer, a aprovação de agrotóxicos bateu recordes: foram 450 substâncias liberadas, meta que Bolsonaro deve superar até o final do ano.

Com informações do Brasil de Fato e do Repórter Brasil

 

 


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