Mais uma mulher é morta na capital do país, que bate recorde de feminicídios em 2023
Deylilane, de 34 anos, foi assassinada a golpes de chave de fenda pelo ex-marido após deixar o filho do casal na escola. Até quando?
O Estado é cúmplice do feminicídio.
Tá lá mais um corpo de mulher estendido no chão, mais uma família destroçada, mais órfãos… E quem é responsável? Quem está sendo condenada nessa história?
É assustador o número de feminicídios no Distrito Federal, onde fica a capital do país, em 2023. Já contamos mais mortes de mulheres este ano do que durante todo o ano passado: são 22 feminicídios até agora, contra 17 em 2022.
É assustador o número de feminicídios no DF em 2023. Já contamos mais mortes de mulheres este ano do que durante todo o ano passado: são 22 feminicídios até agora, contra 17 em 2022. E quem é responsável? Quem está sendo condenada nessa história?
É assustador o crescente número desses crimes de ódio por todo o Brasil. As mulheres estão sendo mortas pelo simples fato de serem mulheres e se empoderarem sobre seus corpos, vontades, desejos e liberdades para escolher os caminhos que querem trilhar. Muitas vezes querem simplesmente se libertar de um ciclo de violência cheio de maus tratos, muito sofrimento e repleto de todas as formas de violências, sejam elas psicológicas, físicas, sexuais, patrimoniais e por aí vai… Tem muita dor envolvida.
Ver mais um caso, como o que aconteceu nesta quinta-feira na cidade-satélite de São Sebastião, é devastador! A auxiliar de cozinha Deylilane Alves Santos Conceição, de 34 anos, foi assassinada a golpes de chave de fenda pelo ex-marido, Gedeon da Conceição, 37, após deixar o filho do casal, de 10 anos, na escola. O homem foi preso em flagrante.
Gedeon já havia ameaçado a ex-companheira e chegou a ser preso três vezes por descumprir as medidas protetivas. Acreditamos que manter livre na sociedade um homem que descumpre as medidas protetivas de forma reincidente é pactuar com a morte da mulher que ele violava, ameaçava, agredia e que por fim matou –em depoimento à Justiça, Deylilane contou ter perdido um bebê por ter sido esfaqueada pelo então marido quando estava grávida, no Maranhão. Na época, ele chegou a ser detido, mas foi liberado dois dias depois.
Manter livre na sociedade um homem que descumpre as medidas protetivas de forma reincidente é pactuar com a morte da mulher que ele violava, ameaçava e agredia. O Estado falha em tudo quando mais uma mulher é morta com a medida protetiva na mão
Nós, feministas, defendemos que não basta punir, que é necessário um planejamento onde haja, a curto, médio e longo prazo, programas e ações para combater a violência contra as mulheres, e que haja uma integração entre os poderes, os setores da sociedade, as instituições e na execução de políticas públicas efetivas para com isso frear, previnir e parar definitivamente com essa sangria na sociedade. Mas também acreditamos que é fundamental que casos como esses, onde o homem violento descumpre a Lei e já foi preso várias vezes por ignorar as medidas protetivas, e outros casos semelhantes, devem ser vistos com mais rigor pelo poder público e pelo judiciário.
O Estado falha em tudo quando mais uma mulher é morta de uma forma tão cruel e brutal e com a medida protetiva na mão. É revoltante essa situação.
Não podemos banalizar a morte de mulheres por esses crimes de ódio de gênero. Temos que imediatamente rever o papel do Estado, essa sociedade impregnada de ódio. Algo efetivo tem que ser feito diante dessa epidemia chamada feminicídio. Estamos diante de uma calamidade pública e providências têm que ser tomadas.
Quando se mata uma mulher, se mata a humanidade.
Deylilane Alves, presente!
*Rita Andrade é militante do Levante Feminista Contra o Feminicídio.
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