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“Pacto da cloroquina” explica por que médicos bolsonaristas odeiam colegas cubanos

Se dedicar a salvar vidas deve mesmo gerar muito ódio em médicos que só pensam em ideologia, grana e poder

Nise Yamaguchi em depoimento à CPI do Genocídio, em junho. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Cynara Menezes
28 de setembro de 2021, 18h25

Médicos de Cuba fizeram um pacto secreto para promover um medicamento ineficaz contra o coronavírus e assim beneficiar o governo do país, gerando na população a falsa impressão de que a pandemia estava sob controle, às custas das mortes de centenas de milhares de pessoas. Isso te deixou indignado? Agora troque por “médicos do Brasil”, porque foi isso que aconteceu, segundo o depoimento à CPI do Genocídio da advogada Bruna Morato, que representa 12 profissionais da operadora de saúde Prevent Senior.

Elogiados pelo secretário-geral da ONU por seu trabalho humanitário, não há notícia de que os médicos cubanos tenham se curvado a um governo, rasgando o juramento de Hipócrates e deixando de salvar vidas, missão primordial da profissão

De acordo com Bruna, seus clientes foram constrangidos pela Prevent Senior a utilizarem nos pacientes o “kit Covid”, coquetel de remédios comprovadamente ineficazes para combater a doença, sob orientação do “gabinete paralelo” do governo. “Existia um conjunto de médicos assessorando o governo federal e esse conjunto de médicos estava totalmente alinhado com o ministério da Economia”, contou a advogada. “O que me explicaram foi que existe um interesse do ministério da Economia para que o país não pare. E se nós entrarmos nesse sistema de lockdown teremos um abalo econômico muito grande. Então existia um plano para que as pessoas pudessem sair às ruas sem medo.”

Os médicos envolvidos foram citados nominalmente por Bruna Morato: os bolsonaristas e negacionistas Anthony Wong (que teria morrido de Covid-19, mas a Prevent ocultou), Nise Yamaguchi e Paolo Zanotto, cada um deles com uma missão específica. A “estratégia” que eles desenvolveram era “dar esperança para as pessoas irem às ruas, e essa esperança tinha um nome: hidroxicloroquina”, disse a advogada. “A Prevent Senior iria entrar para colaborar com essas pessoas, é como se fosse uma troca, o qual nós chamamos na denúncia de ‘pacto’, porque assim me foi dito. Alguns médicos descreveram como ‘aliança’, outros médicos descreveram como ‘pacto’.”

Bruna disse ainda que os médicos que se negavam a ministrar o “kit Covid” eram repreendidos publicamente, demitidos ou tinham seus plantões reduzidos. E os pacientes foram induzidos a assinar um termo que não era de consentimento quando recebiam os medicamentos, sem serem informados dos estudos desautorizando peremptoriamente o uso da hidroxicloroquina, da ivermectina e de outros remédios do “kit” para tratar a doença.

Traduzindo: por questões ideológicas e econômicas, médicos orientaram outros a utilizarem remédios que não funcionam em pacientes com Covid-19. Uau. Está explicado o ódio dos bolsonaristas pelos médicos cubanos. Elogiados pelo secretário-geral da ONU por seu trabalho humanitário, não há notícia de que os médicos cubanos tenham se curvado a um governo, rasgando o juramento de Hipócrates e deixando de salvar vidas, missão primordial da profissão.

O ódio dos médicos de extrema direita aos colegas cubanos começou em 2013, quando a presidenta Dilma Rousseff lançou o programa Mais Médicos e importou profissionais da ilha para atuar nos lugares onde os brasileiros se recusavam a trabalhar (e depois que eles foram embora continuam a recusar, sobretudo nos distritos indígenas). Uma das cenas emblemáticas do período aconteceu em Fortaleza, na chegada do primeiro grupo de cubanos ao Brasil, quando médicos foram ao aeroporto hostilizar os colegas, com vaias e gritos de “volta pra senzala”.

Não por acaso, entre eles estava a médica Mayra Pinheiro, a “capitã cloroquina”, secretária de Gestão do Trabalho do ministério da Saúde de Jair Bolsonaro.

Antes de assumir o cargo, Bolsonaro ofendeu tanto os médicos cubanos, duvidando inclusive de sua formação, que o governo da ilha decidiu, em novembro de 2018, chamar de volta os 8300 profissionais. O CFM (Conselho Federal de Medicina), bolsonarista de primeira hora e que tem apoiado todas as decisões absurdas do governo em relação à Covid-19, também combateu ferozmente o programa, uma das razões do ódio de classe ao PT que culminou no golpe contra Dilma, ao lado da PEC que garantiu direitos trabalhistas às empregadas domésticas. E sobre o “pacto da cloroquina”, o que dirá o CFM?

Se dedicar a salvar vidas deve mesmo gerar muito ódio em médicos que só pensam em ideologia, grana e poder. Ser um profissional de saúde comprometido com o bem estar e a vida das pessoas deve mesmo gerar muito ódio. Médico fazendo pacto para dar remédio que não funciona a paciente? Sem dúvida os cubanos jamais seriam cúmplices de atitudes criminosas assim.

 


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ossd em 29/09/2021 - 20h03 comentou:

Cuba não tem liberdade de imprensa !

Responder

    Cynara Menezes em 30/09/2021 - 16h48 comentou:

    mentira. yoani sanchez tem um site que funciona normalmente em cuba. e ainda que fosse verdade, por que você não rebate o tema do post?

ossd em 02/10/2021 - 21h18 comentou:

Mentira ?
De acordo com Repórteres Sem Fronteiras de 2021, Cuba ocupa a posição 171 de 180 países em termos de liberdade de imprensa: Eritreia, Coreia do Norte, China, Irã, Síria, Laos estão em situação parecida.
Jornalistas são presos em Cuba pela Polícia Política, como Roberto de Jesús Quiñones Haces.

Cuba:
Liberdade Geral = Não Livre
Liberdade econômica = Repressivo
Liberdade de Imprensa = Situação muito séria
Democracia = Regime Autoritário
Como falar de um pais não livre, repressivo e autoritário como exemplo de alguma coisa minimamente boa ?
Eu sinceramente sugiro a vc SM que nem publique este meu comentário, pois ficaria numa situação de saia justa.

Responder

Wladimir em 07/10/2021 - 04h56 comentou:

Idiota. Verme. Desumano

Responder

João Ribett em 13/10/2021 - 15h24 comentou:

Mas o que isso tem a ver com o genocídio promovido por esse desgoverno com apoio criminoso de muitos médicos, planos de saúde , e do CFM e CRMs? Foram os médicos cubanos responsáveis por isso? Foi o governo cubano causador dessa tragédia?

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