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Mídia

Qual a lógica de defender um ex-juiz inculto e parcial como “melhor” para o Brasil?

Em junho, Moro foi condenado pelo STF como "suspeito"; no ministério da Justiça, não fez nada digno de nota. O que afinal o qualifica à presidência?

O ex-ministro de Bolsonaro, Sergio Moro. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Cynara Menezes
03 de dezembro de 2021, 12h44

Sergio Moro foi incompetente em um dos dois cargos públicos que ocupou na vida e no qual ganhou notoriedade, o de juiz federal. Não sou eu quem diz isso, é o Supremo Tribunal Federal, que, em junho deste ano, por 7 votos a 4, condenou o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro como “parcial” em sua atuação na Lava-Jato, por ter agido ao arrepio da lei e da Constituição.

Em seu voto, que foi acompanhado pela maioria dos colegas, o ministro Gilmar Mendes não poupou pejorativos para definir o ex-juiz que condenou e prendeu Lula e que depois se tornaria membro do governo do candidato que beneficiou. Segundo Gilmar, Moro desvirtuou o Estado de Direito; violou seu dever de imparcialidade, prerrogativa de qualquer juiz que se preza; e prendeu Lula ilegalmente.

A decisão do STF sobre a suspeição de Moro deixa patente que se trata de uma personalidade pública imoral, antiética e capaz de perseguir, ao arrepio da lei, adversários políticos. Quais as qualidades, afinal, que o habilitam a ocupar a presidência?

Em um ano e três meses como ministro da Justiça, qual foi a grande realização de Moro? Seu “pacote anticrime”, que previa o autoritário excludente de ilicitude, espécie de licença para matar aos policiais, foi desidratado no Congresso. Moro não tomou nenhuma atitude para deter o desmatamento ilegal que agora condena nas redes sociais. Então, o que fez que o caracterize como um bom gestor? Por acaso descobriu o mandante do assassinato de Marielle?

Me espanta que a mesma mídia que criticava, em 2002, a “inexperiência” de Lula para o cargo, agora coloque Sergio Moro como habilitado a ocupar a presidência do Brasil. Com base em quê? Estofo intelectual não é. O ex-juiz já deu provas de incultura ao se mostrar incapaz de pronunciar corretamente a palavra “cônjuge”–virou piada ao dizer “conje”.

Moro também não conseguiu citar de memória um só livro que tenha lido. Ao jornalista Pedro Bial, questionado em 2019 quais eram seus livros favoritos, ele respondeu que gosta de ler biografias, mas não conseguiu lembrar o nome de nenhuma.

O ex-juiz, que acaba de lançar um livro sobre si mesmo, só se mostrou capaz de citar o livro da própria esposa, Rosangela Moro, sobre… ele mesmo.

Leio, na mídia comercial, loas ao ex-ministro de Jair Bolsonaro. Uma colega do Estadão diz que Moro é “a nova onda”, que “tudo conspira em seu favor” e que ele “nunca prendeu preto pobre” (o que foi comprovado ser uma inverdade, além de ilógico num país cuja maioria de detentos é preto e pobre).

Pedro Bial, que não conseguiu fazer Moro lembrar do nome do último livro que leu, agora chegou a dizer que a voz de marreco do ex-juiz “melhorou”. “Todo mundo está comentando”, disse o jornalista. Todo mundo quem, cara pálida?

A decisão do STF sobre a suspeição de Sergio Moro deixa patente que se trata de uma personalidade pública no mínimo imoral, antiética e capaz de perseguir, ao arrepio da lei, adversários políticos. Em quê se distingue de Bolsonaro? Quais as qualidades que o habilitam a ocupar o cargo máximo da nação? Com a palavra os que apostam nele como “terceira via” a um presidente que já demonstrou de sobra sua incompetência e a outro que saiu do Planalto com o país vivendo um ótimo momento e consagrado com quase 90% de aprovação popular.

A mídia comercial, que desde sempre se arvorou em saber o que é melhor para o Brasil, tentando impor seus candidatos em eleições sucessivas desde o desastre de Fernando Collor, deveria conseguir transmitir aos brasileiros o que há de tão positivo no ex-juiz para que seja considerado apto à presidência da República. O combate à corrupção não é o único de nossos problemas. Ainda mais após ficar comprovado que nem nisso Moro pode ser considerado competente.

 


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Angelo Panebianco em 03/12/2021 - 12h56 comentou:

Certeira Cynara !
O Marreco é pior que o genocida

Responder

Bernardo Santos Melo em 03/12/2021 - 19h58 comentou:

Oh !
Novamente ?
Marreco Conjeiro , caia na real , és apenas um ex juiz suspeito , agente do Tio Sam , corrupto por convicção desde o BANESTADO , cabo eleitoral de GENÔ , farsante candidato do Antagonista , do BTG e da Globo decaída .
Quem escreveu seu fétido livro ? A conje ?
Aguardo tua criatura miúda debatendo com LULA e CIRO GOMES , ambos te embalarão para viagem , ridicularizado e fanhosamente cantando – Qüem … Qüem … Qüem .

Responder

Lopes Jr. em 03/12/2021 - 23h31 comentou:

No que a esquerda é melhor que a direita? Na materialidade da história. É fato que Moro é completamente inapto para a presidência, isso é material, é incontestável, é tão certo como o sol que nasce e se põe a cada dia. E não bem é essa a questão do stablishment, é que lucram os banqueiros com a miséria e, por isso mesmo, apoiam qualquer um que seja contrário a um projeto minimamente igualitário socialmente. Não é o comunismo o que assusta, e sim a possibilidade de perderem as rédeas da política, do cabresto.

Responder

Lygia Maria Freund em 15/12/2021 - 12h27 comentou:

Como sempre excelente texto.

Responder

Cleiton Gomes em 16/12/2021 - 10h48 comentou:

“Sergio Moro foi incompetente em um dos dois cargos públicos que ocupou na vida e no qual ganhou notoriedade, o de juiz federal.” Não é interessante ouvir isso de um mimiministro do STF? E justo de Gilmar Mendes, que tem seu calcanhar de Aquiles, seus crimes e obstruções à lei, utilizando a toga para se proteger?
A opinião dele realmente não me interessa. Especialmente lembrando que, em certo episódio, Gilmar chamou o governo petista de “cleptocracia” (ou governo de ladrões), e se declarando, em certa ocasião absolutamente a favor da prisão em segunda instância e algum tempo depois, apenas para beneficiar o petista, tenha mudado seu discurso e votando contra. Não é deplorável?
Sérgio Moro, como juiz da Lava-Jato, isso é evidente, teve seus méritos. Quer que descreva? Dois dos maiores: Era célere e atinha-se aos autos do processo, coisa que as sumidades do STF são incapazes de fazer, pois não são juízes, são advogados e alguns deles bem meia-boca, destacando-se, nesse quesito, Dias Toffoli, muito mais bem sucedido como ladrão de processos do que como jurista, diga-se de passagem.
Me diga: Porque vocês fingem demência reiteradamente?
Como ministro, ele chefiava a pasta da Justiça e da Segurança Pública, não a do Meio Ambiente, para se preocupar com o desmatamento…
Por fim, recuso o atestado de otário que você pretende repassar a mim e a tantos do povo. Lula não foi preso ilegalmente. Houveram crimes. Foram muitos. Provas foram coletadas. Foram muitas. Houve processos e foram seguidos os trâmites legais.
Então, logicamente, a condenação e prisão de Lula não foram ilegais, o que logicamente não podemos dizer de sua soltura.
Em tempo: Não sou partidário de Sergio Moro para presidente. Meu apoio a ele só durou até a “facada nas costas” que ele deu no governo, como o autêntico menino mimado que não suporta um puxão de orelhas do pai.

Responder

    Cynara Menezes em 16/12/2021 - 15h59 comentou:

    você apoia um governo desses e nós que fingimos demência?

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