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Direitos Humanos

Em um ano, defensor das armas Donald Trump vira recordista de massacres

Presidente de direita já é o mais sangrento da História: dois dos cinco atentados a bala mais mortais aconteceram desde que ele tomou posse

Trump em viagem à Ásia. Foto: Shealah Craighead/Casa Branca
Da Redação
06 de novembro de 2017, 17h31

A América está cada dia mais sangrenta sob a presidência do direitista Donald Trump. Desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2017, já foram 12 atentados a bala que causaram 133 mortes e pelo menos 540 feridos, segundo levantamento feito pela revista Mother Jones. Já é da era Trump o recorde de maior massacre a tiros da história dos EUA: em outubro de 2017, 58 pessoas morreram e quase 500 ficaram feridas após um norte-americano abrir fogo em um festival de música country em Las Vegas. Dos 5 mais mortais atentados a bala de todos os tempos, 2 ocorreram durante os primeiros 10 meses de Trump na presidência. Três dos 10 mais mortais tiroteios em massa da ocorreram nos últimos cinco meses.

O tiroteio que ocorreu ontem dentro de uma escola na Flórida também entrou para as estatísticas como um dos mais letais da história do país. Nikolas Cruz, de 19 anos, o ex-aluno atirador, carregava um fuzil do tipo AR-15 e carregava várias revistas especializadas em armas. Foi o segundo tiroteio mais mortal em uma escola pública norte-americana após o massacre, em 2012, de 20 alunos de primeiro ano e seis educadores da escola básica Sandy Hook em Newtown, Connecticut.

Em pouco mais de um ano, Trump quase dobrou a marca de mortos no último ano de Obama; o número de feridos quintuplicou

Para se ter uma comparação, em todo o último ano do governo Barack Obama, que se posicionava a favor da regulação das armas de fogo, foram 7 atentados a bala com 76 mortos. Em pouco mais de um ano, Trump quase dobrou a marca; o número de feridos quintuplicou. Cinicamente, o presidente dos EUA atribuiu a “distúrbios mentais e não a armas” os massacres no Texas e na Flórida, embora ele mesmo tenha assinado o fim das restrições de Obama à venda de armas de fogo a doentes mentais.

“Temos muitos problemas de saúde mental no nosso país, mas esta não é uma situação ligada às armas”, afirmou após o massacre no Texas. “Tantos sinais de que o atirador do Texas tinha distúrbios mentais, inclusive tendo sido expulso da escola por mau e errático comportamento. Vizinhos e colegas sabiam que ele era problemático”, publicou no twitter após as mortes na Flórida.

Em novembro do ano passado, 26 pessoas morreram após um atirador branco (que não foi chamado de “terrorista” pelo governo como acontece com muçulmanos) disparar na porta e dentro de uma igreja batista em Sutherland Springs, uma cidade rural com cerca de 400 habitantes. Entre os mortos, 8 membros de uma mesma família e pelo menos 10 crianças, entre elas um bebê de apenas um ano.

A diferença entre Obama e Trump não está apenas nos números, mas também na forma como os dois presidentes reagiram aos massacres. Enquanto Obama sempre mencionou a necessidade de rever as leis que armaram até os dentes a população dos EUA, Trump se resume a pedir que as pessoas “orem” pelas vítimas.

Enquanto Obama falava da necessidade de rever as leis sobre armas, Trump se resume a pedir que as pessoas “orem”

“Nossos pensamentos e orações não são o suficiente”, disse Obama após um atirador matar dez pessoas em uma faculdade do Oregon, em 2015. “Quando as estradas são inseguras, nós as consertamos para reduzir os acidentes. Temos leis sobre cintos de segurança porque sabemos que isto salva vidas. Então não faz sentido a noção de que a violência armada é de alguma forma diferente, que nossa liberdade e nossa Constituição proíbe qualquer pequena regulação de como usamos uma arma mortal.”

“Nós estamos rezando por vocês e estamos aqui por vocês, e pedimos a Deus que os ajudem a atravessar este momento sombrio”, disse Trump, após o atentado em Las Vegas. Quando ocorreu o massacre no Texas, além de atribuir o tiroteio a “problemas mentais”, disse: “Nossos pensamentos e orações estão com as vítimas e as famílias deste horrível ataque. Todos os norte-americanos rezam para que Deus ajude os feridos e as famílias das vítimas”. No twitter, pediu que “Deus esteja com as pessoas de Sutherland Springs”.

O Texas é o Estado mais permissivo em relação à posse de armas e pode-se carregar uma arma livremente na rua e na maioria dos espaços públicos. Até mesmo estudantes podem entrar armados no campus universitário. Recentemente, uma lei local reduziu o valor do teste para se ter uma arma de 140 para 40 dólares. As “aulas” podem ser tomadas online. Como acontece a cada massacre, vários políticos do partido Democrata pediram restrição ao uso de armas de fogo.

Já foram tantos massacres desde que chegou à presidência que Trump até confundiu as bolas: nove dias depois do massacre no Texas, ele mandou suas “preces e condolências” novamente ao Estado em vez de se dirigir à Califórnia, onde um atirador abriu fogo numa escola primária matando quatro pessoas e ferindo outras até ser morto pela polícia.

Ontem, Trump voltou a falar em “orações”. “Minhas orações e condolências aos familiares das vítimas do terrível tiroteio na Flórida. Nenhuma criança, professor e ninguém deveria se sentir inseguro numa escola norte-americana”.

 

Hoje, a revista Nation publicou um artigo que demonstra como o direitista Trump, que recebeu 30 milhões de dólares da NRA (National Riffle Association) em sua campanha, está literalmente dinamitando a luta contra os massacres. Ao contrário dos democratas, os republicanos nunca pensam em aumentar as restrições às armas quando ocorrem assassinatos em massa e sim em “endurecer” a lei, como se isso resolvesse algo DEPOIS que os massacres já aconteceram.

A revista Nation publicou um artigo que demonstra como o direitista Trump, que recebeu 30 milhões de dólares da NRA (National Riffle Association) em sua campanha, está literalmente dinamitando a luta contra os massacres

O artigo mostra claramente a hipocrisia de Trump ao atribuir o novo tiroteio em massa a “problemas mentais”, ao mesmo tempo que cortou os recursos dos programas federais de saúde mental; ele também cortou os recursos destinados por Obama a uma estratégia de prevenção de violência entre os jovens, assim como eliminou inteiramente o financiamento de um programa que envolvia autoridades no setor de educação para promover esforços e tornar as escolas do país mais seguras.

Nada é por acaso. Mas a direita dos EUA já encontrou uma “solução” para os massacres nas escolas: armar os professores. Depois que baterem novos recordes de inocentes assassinados, com certeza a “saída” será armar as crianças. É este o país que entidades de direita como o MBL querem para nós.

POST ATUALIZADO em 15/02/2018

 


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Felipe salles em 07/11/2017 - 08h54 comentou:

Morena, me ajude. Se a proibição das armas evita atentados, porque no Brasil se mata mais do que a guerra na Síria??
Porque os governantes de hoje do passado não proibiram a entrada de armas pela fronteira brasileira? E os traficantes do Rio não podem ser considerados terroristas? E os milicianos, não podem ser considerados terroristas? Se a regulação das armas é a solução para a violência, porque o Brasil é o país que mais mata no mundo???

Responder

    Cynara Menezes em 07/11/2017 - 10h14 comentou:

    pela desigualdade e uma série de fatores que não interessam à direita combater

    Sergio em 07/11/2017 - 16h57 comentou:

    Bem, também em 13 anos em que a esquerda esteve no poder, igualmente à direita, a quem fortemente foi aliada, também não interessou-se em reduzir a violência.

PAULO em 07/11/2017 - 16h04 comentou:

O Brasil e violento por diversos aspectos e o maior de todos e a desigualdade alarmante, além do mais se por ventura ou loucura liberarem o porte de arma, triplicaremos o numero de mortos, por brigas de transito, familiares e outros motivos banais, saca-se uma arma e os problemas estão resolvidos!!

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douglas em 07/11/2017 - 17h49 comentou:

Existe um padrão para os massacres,show de música country e igrejas,junto com a violência dos facistas da antfan e black lives matter,os esquerdistas não se conformam de terem perdido o domínio do maior pais do mundo.

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