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Ruralista, Maggi diz que fusão de Agricultura com Meio Ambiente prejudica o agronegócio

Atual titular da pasta e seu colega do MMA lamentaram decisão de Bolsonaro salientando que será ruim para os negócios do Brasil

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Da Redação
31 de outubro de 2018, 21h05

Por essa ninguém esperava e já é um dos indícios do despreparo de Jair Bolsonaro e sua equipe para presidir a nação: a mais contundente crítica à fusão dos ministérios da Agricultura e Meio Ambiente partiu de um ruralista, Blairo Maggi. Atual ocupante da pasta da Agricultura, Maggi lamentou a decisão de Bolsonaro dizendo que fundir os dois ministérios “trará prejuízos ao agronegócio brasileiro, muito cobrado pelos países da Europa pela preservação do meio ambiente”.

Assim como o ministro do Meio Ambiente de Temer, Edson Duarte, que também se manifestou contrário à ideia, Maggi esclareceu que as pautas dos dois ministérios convergem apenas em alguns pontos. “Existem muitos fóruns importantes nos quais o Brasil deve marcar sua posição, mas não será possível para um ministro participar de todos sozinho”, disse. Pelas afirmações dos dois ministros, Bolsonaro e seu time aparentam desconhecer completamente as atribuições de ambas as pastas.

Maggi ponderou que o MMA trata de várias questões que sem relação com o setor agro e que seria dificílimo conciliar tudo sob um único comando. “Como um ministro da agricultura vai opinar sobre um campo de petróleo ou exploração de minérios? ”

Maggi lembrou que, nas viagens internacionais, costuma usar o custo de manter as reservas ambientais nas propriedades como argumento para favorecer os produtos nacionais no mercado global. Segundo ele, 66% do território do país está preservado devido à ação dos produtores brasileiros. Ele ponderou ainda que a pasta do Meio Ambiente trata de várias questões que não têm relação com o setor agro, como energia, infraestrutura, mineração e petróleo, e ressalta que seria dificílimo conciliar todos os assuntos sob um único comando. “Como um ministro da agricultura vai opinar sobre um campo de petróleo ou exploração de minérios? ”, questionou.

O ministro já havia se posicionado contra a intenção de Bolsonaro durante o segundo turno das eleições. O então candidato do PSL chegou a sinalizar recuo, mas nesta terça-feira o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), indicado para comandar a Casa Civil, reiterou a decisão do novo governo de fundir as duas pastas. Maggi lamentou novamente a ideia e emitiu nota durante viagem aos Emirados Árabes, onde participa da exposição Agrispape.

“As dificuldades operacionais poderiam resultar em danos para as duas agendas. A economia sofreria, especialmente o agronegócio, diante de uma possível retaliação comercial por parte dos países importadores”, disse o ministro do Meio Ambiente

Para o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, que disse ter recebido a notícia “com surpresa e preocupação”, os ministérios “têm agendas próprias, que se sobrepõem apenas em uma pequena fração de suas competências”. Como exemplo, ele citou os 2.782 processos de licenciamento que tramitam no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), dos quais apenas 29 têm relação com a agricultura.

“O novo ministério que surgiria com a fusão das pastas do Meio Ambiente e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento teria dificuldades operacionais que poderiam resultar em danos para as duas agendas. A economia nacional sofreria, especialmente o agronegócio, diante de uma possível retaliação comercial por parte dos países importadores”, afirmou Duarte.

Durante a campanha, o adversário de Bolsonaro, Fernando Haddad, já havia feito o alerta ao setor sobre os prejuízos da proposta de fusão.

Com informações da Agência Brasil

 

 


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João Batista S Sinezio em 01/11/2018 - 07h10 comentou:

Maggi tem toda razão. Apesar de estarem, de certa forma, correlacionadas, são assuntos distintos. É inviável uma gestão única abrangendo Ministério da Agricultura e Meio Ambiente.

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