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Enquanto o Brasil insiste na cloroquina, a Argentina desenvolve teste para o Covid-19

Objetivo do governo Fernández é testar casa por casa em busca de pessoas infectadas, sobretudo nas favelas de Buenos Aires

Fernández e os testes rápidos. Foto: Esteban Collazo/Prensa Presidencia
Martín Fernández Lorenzo
18 de maio de 2020, 16h41

Enquanto o governo brasileiro continua a insistir na cloroquina mesmo após um amplo estudo demonstrar sua ineficácia, a negar a gravidade da pandemia e a sabotar o isolamento social, os cientistas argentinos desenvolveram um teste rápido para detecção do Covid-19 que aponta resultados em menos de duas horas. A conquista do país, que tem índices de contágios e mortes cerca de 30 vezes inferiores aos do Brasil, foi anunciada pelo presidente Alberto Fernández na sexta-feira, 15 de maio.

“O novo teste rápido será fundamental para diagnosticar casos de Covid-19 nos bairros populares da cidade de Buenos Aires, onde nos últimos dias aumentou o contágio de forma considerável”, disse Fernández pelo twitter. “Esta conquista, assim como outras recentes da ciência argentina, corrobora que temos a melhor qualidade humana e científica para oferecer estas respostas. E demonstra, além disso, que não dependemos de outros.”

“Isso foi feito por pesquisadores argentinos e produzido por um laboratório argentino. Isso é tão importante para o desenvolvimento de um país, porque mostra que não dependemos de outros, que podemos fazê-lo. Isso é soberania, e é isso que que todos deveriam entender”, declarou em entrevista coletiva.

A previsão é que sejam produzidos quase 500 kits por semana, o que permitirá chegar a 200 mil testes mensais. Já o governo brasileiro descartou sumariamente, em abril, a possibilidade de fazer testes em massa

O teste foi desenvolvido pelo Conicet, a agência pública de Ciência e Tecnologia, em colaboração com o laboratório privado Pablo Cassará. De acordo com a Casa Rosada, a prioridade é utilizar os testes internamente e só futuramente pensar em exportação. O ministro da Saúde, Ginés González García, disse que no final de semana já haveria cerca de 10 mil kits disponíveis, a um custo de cerca de 8 dólares cada. A previsão é que sejam produzidos quase 500 kits por semana, o que permitirá chegar a 200 mil testes mensais. Já o governo brasileiro descartou sumariamente, em abril, a possibilidade de fazer testes em massa.

Carolina Carrillo, uma das coordenadoras do grupo de cientistas responsáveis pelo teste, explicou que “este resultado se tornou possível tão rápido porque houve apoio financeiro do Estado à ciência pública. Para a emergência com o Covid tivemos um apoio enorme. Não somente econômico como também por parte dos ministérios da Ciência e da Saúde e do Conicet, ao nos facilitarem as ferramentas”.

Neste momento as favelas da capital argentina se tornaram a maior preocupação do governo, com o aumento de casos entre os mais pobres e vulneráveis. Os testes rápidos serão importantes justamente para detectar a doença antecipadamente, prevenindo o contágio e a superlotação dos hospitais. O governo montou uma operação chamada “Detectar”, que espera atingir 1340 bairros populares da capital e isolar os que testarem positivo para o Covid-19, visitando casa por casa em busca de possíveis infectados.

“Este resultado se tornou possível tão rápido porque houve apoio financeiro do Estado à ciência pública. Para a emergência com o Covid tivemos um apoio enorme. Não somente econômico, nos facilitarem as ferramentas”, disse uma das coordenadoras da pesquisa

Com a chegada de Fernández ao poder, os Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia, que Macri não apenas subfinanciou, mas simplesmente eliminou, voltaram a ser ministérios, uma das promessas da campanha de Alberto Fernández. Durante os quatro anos de Macrismo, o orçamento para a Ciência caiu 38%  e o orçamento da saúde, 23%.

O ex-presidente, que no início da pandemia havia declarado que “o populismo mata mais vidas que o coronavírus”, chegou a fazer contato com Alberto Fernández, em março. Os rumores indicavam que Macri havia pedido que ele seguisse o modelo da Inglaterra, e o presidente Fernández confirmou: “Sim, mas não quero falar sobre isso. Macri e eu somos muito diferentes. Pensamos de maneiras totalmente diferentes “. Desde aquele dia a comunicação foi cortada.

Ninguém poderia imaginar que, em 27 de outubro de 2019, os argentinos escolhessem pelo voto um modelo que não apenas restauraria a dignidade de seu povo, mas que salvaria milhares de vidas.

Com informações da Télam


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(4) comentários Escrever comentário

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Dan em 19/05/2020 - 03h21 comentou:

Aí que tempo!
Página infeliz de nossa história
Dorme a nossa pátria mãe tão distraída
Enquanto seus filhos erram cegos pelo continente,
Levando pedras feito penitentes, com direito a uma ofegante epidemia,
Meu D’us que estás acima de tudo, vem olhar nascer a nova casta miliciana verde oliva , o sinistro da saúde, o industrial financista, o estandarte cloroquina, o nano capitão.
Não verás país nenhum!
E verás que um filho teu não foge à luta.

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Silvio Carlos em 19/05/2020 - 11h34 comentou:

A tragédia irá aumentar aqui quando começar o inverno em Junho!

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Lima em 08/06/2020 - 00h09 comentou:

Desde quando teste serve como remédio???
Fora a cloroquina qual remédio estão usado na Argentina?

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Jefferson Higgins em 24/12/2020 - 17h51 comentou:

A Argentina criou um monte de bloqueios e criou a MAIOR QUARENTENA DO PLANETA. Em muitos casos a pessoa só podia sair de casa para tomar sol e não podia ficar a mais de cem metros de casa. Polícia na rua e multas. Acho que se preocuparam tanto em evitar o contágio que não dedicaram esforços para aumentar o número de UTIs ou pesquisar medicamentos eficases. Resultado: Tem MAIS MORTOS POR MILHÃO DE HABITANTES que o Brasil, agora, em 24 de dezembro de 2020.

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