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Requião: estrangeiros que comprarem patrimônio público serão investigados

Senador manda carta a embaixadas alertando investidores que comprarem bens do povo através do governo ilegítimo que serão tratados como "receptadores" e que negociação será anulada

O galo Sam e seu terreiro. His foresight. J.S.Pughe, Puck, 1901
Katia Guimarães
30 de agosto de 2017, 15h59

Com a soberania nacional em risco e a possibilidade de o patrimônio público ser todo vendido pelo governo Temer, a oposição no Congresso Nacional deu início a uma série de ofensivas na tentativa de barrar o maior assalto aos bens brasileiros desde a onda de privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso. Em carta aberta divulgada nesta terça-feira, 29 de agosto, o senador Roberto Requião (PMDB-PR), fez uma advertência aos investidores estrangeiros interessados em comprar o patrimônio brasileiro que está sendo loteado: o negócio será considerado compra “de mercadoria roubada”, o comprador será tratado como “receptador” e a empresa sofrerá dura investigação, “com o mesmo rigor da Lava-Jato”. Requião disse também que a compra será revertida pelo próximo governo eleito.

Segundo o senador, o alerta é para quem quiser “se aproveitar” da crise política vivida pelo país para lucrar, pois Temer não tem legitimidade para sair privatizando o que é de direito do povo brasileiro. “Quem está comprando daqueles que não podem vender, porque não têm um mandato popular para isso, é um receptador. E, no futuro, a punição deve ser para quem vendeu o que não podia vender porque não era seu, era do povo brasileiro, e para quem comprou sabendo da situação irregular que o país vive”, disse em vídeo no Facebook.

Desaprovado pela maioria absoluta da população brasileira, Temer anunciou, na semana passada, a venda de nada menos do que 57 estatais e bens públicos, entre elas a Casa da Moeda, órgão que confecciona as notas de real e passaportes, a Eletrobrás, aeroportos, terminais portuários e rodovias. Isso, para cobrir o rombo das contas públicas de R$ 159 bilhões acumulados nos últimos 12 meses, provocados pelos gastos excessivos do governo e pela compra de votos no Parlamento. Em setembro do ano passado, o governo já havia anunciado a privatização de 34 bens e empresas. Neste exato momento, Temer está viajando pela China justamente para oferecer seu pacote de privatizações.

Quem está comprando daqueles que não podem vender porque não tiveram um mandato popular para isso é um receptador. E no futuro a punição deve ser para quem vendeu o que não podia vender porque não era seu, era do povo brasileiro, e quem comprou sabendo da situação irregular que o país vive

No documento, que será encaminhado às embaixadas de países com representação diplomática em Brasília, Requião ainda enfatiza que o atual governo é fruto de um golpe parlamentar orquestrado por Temer e aliados para tirar a presidenta Dilma do cargo. “Este governo, produto de um golpe parlamentar e o atual Congresso não têm procuração para tomar tão graves decisões sem consultar o povo brasileiro”, afirma. “Não subestimem a indignação e a ira que o povo brasileiro tem acumulado em razão dos abusos desse governo ilegítimo. Por quatro eleições seguidas, nos últimos 15 anos, o povo brasileiro rejeitou nas urnas qualquer privatização. Feito por um governo ilegal desprezado por 95% da população, isso significa uma contrariedade ainda mais gritante.”

Além da “Carta Aberta”, Requião vai apresentar nesta quarta-feira, em Brasília, um projeto de Decreto Legislativo do Congresso Nacional propondo referendo para revogar todos os atos administrativos de Michel Temer. A proposta prevê a realização de uma consulta pública sobre as privatizações nas eleições de 2018. “Elas serão revertidas, porque sabemos o que nosso povo pensa sobre isso. O dinheiro gasto com elas será devolvido somente depois das investigações que analisarão cada caso e apenas se não houver ocorrido nenhum tipo de corrupção. A partir desta Carta Aberta, ninguém poderá alegar desconhecimento sobre a ilegalidade, ilegitimidade e as consequências por ter comprado os bens do povo brasileiro. A justiça ainda não chegou, mas ela chegará. A paciência do povo já está no fim. Não cometam essa temeridade”, alertou.

 

 

 


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(5) comentários Escrever comentário

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Mario Preve em 30/08/2017 - 17h38 comentou:

Magnifico gesto.

Responder

Fernando em 30/08/2017 - 17h57 comentou:

Vender empresas públicas para cobrir o déficit é roubo, mas criar mais de 40 estatais (com dinheiro do mesmo povo, claro) tá ok?

Não lembro de pedidos de consulta pública sobre isso…

Responder

Sergio em 31/08/2017 - 09h25 comentou:

Deus nos livre dos chineses!!!!!!!!

Responder

    Sergio em 31/08/2017 - 09h26 comentou:

    Deus nos livres da compra de nossas empresas também pelos chineses.

Sergio em 31/08/2017 - 09h27 comentou:

No desenho, cuidado também com o imperialismo chinês!!!

Responder

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