Com a Amazônia em chamas, Bolsonaro monta “gabinete de crise”… no twitter
Em vez de confrontar o fogo, governo prefere confrontar a realidade em postagens nas redes sociais
Segundo o Inpe, o desmatamento no Brasil cresceu 88% em relação a junho passado, quando Bolsonaro ainda não havia assumido a presidência. O instituto Imazon apontou um crescimento de 66% no desmatamento na chamada Amazônia Legal no mês de julho de 2019 comparado ao mesmo período do ano passado. Já as queimadas aumentaram 82% em relação a 2018. A NASA, a agência espacial norte-americana, também confirmou com imagens que o fogo se alastra pelos estados de Rondônia, Amazonas, Pará e Mato Grosso.
O que faz o Bolsonaro? Se mobiliza para apagar o incêndio? Sim, mas só no sentido figurado. Praticamente todos os integrantes do governo foram ao twitter tentar desmentir o noticiário e atacar o presidente da França, Emmanuel Macron, que convocou o G7 para debater o assunto de forma urgente.
Our house is burning. Literally. The Amazon rain forest – the lungs which produces 20% of our planet’s oxygen – is on fire. It is an international crisis. Members of the G7 Summit, let's discuss this emergency first order in two days! #ActForTheAmazon pic.twitter.com/dogOJj9big
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) August 22, 2019
O “gabinete de crise” de Bolsonaro no twitter começou pelo próprio presidente acusando o homólogo francês, que é de direita, de “instrumentalizar” o tema. Bolsonaro, que faltou a todos os debates no segundo turno presidencial, também se disse “aberto ao diálogo” e apelou à suposta “mentalidade colonialista” de Macron. Logo ele que bate continência para a bandeira dos EUA…
– O Governo brasileiro segue aberto ao diálogo, com base em dados objetivos e no respeito mútuo. A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) August 22, 2019
O filho do presidente, indicado pelo pai embaixador brasileiro nos EUA, mostrou sua total inaptidão para a diplomacia chamando o francês de “idiota”.
Recado para o @EmmanuelMacron :https://t.co/qVyQ3Kl5ou
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) August 22, 2019
É claro que Carluxo não poderia faltar, apelando à “união” contra o “inimigo” francês que quer “controlar nosso patrimônio”. Nem parecem os mesmos que estão privatizando todas as estatais brasileiras.
Satisfação em ver muitos deixando as divergências de lado e defendendo nosso patrimônio contra os que querem controla-lo em detrimento de nossa soberania. Triste ver brasileiros endossando mentiras contra o próprio país por interesses políticos. Amam a ideologia, odeiam o Brasil!
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) August 23, 2019
O general de pijamas Villas Boas, em uma série surreal de tweets em que cita até Ho Chi Mihn, o líder comunista do Vietnã, e acontecimentos da época em que Macron nem era nascido, falou em “soberania”, como se não fosse o mesmo governo que entregou a base militar de Alcântara aos EUA e que pretende dar nosso subsolo a mineradoras estrangeiras.
Segundo ele o tema será discutido na próxima reunião do G7 dentro de 2 dias. A questão que se coloca é de onde viria autoridade moral daquele país que, como disse Ho Chi Minh, é a patria do Iluminismo, mas quando viaja se esquece de levá-lo consigo.
— General Villas Boas (@Gen_VillasBoas) August 23, 2019
Me refiro ao Ministro Ricardo Sales, Aldo Rebelo, Evaristo de Miranda, Luiz Carlos Molion, Lourenço Carrasco, Denis Rosenfield, Professor Francisco Carlos, General Rocha Paiva, General Alberto Cardoso e o General Heleno.
— General Villas Boas (@Gen_VillasBoas) August 23, 2019
Pior foi o vice-presidente Hamilton Mourão, que saiu do ostracismo em que se encontra para dizer que não é a Amazônia o pulmão do mundo, mas os oceanos.
A #Amazonia brasileira está segura! Lá morei e sei que incêndios são episódicos em período de seca. Transformá-los em crise, esquecendo as tragédias que o fogo causou nos EUA e Europa, é má-fé de quem não sabe que os pulmões do mundo são os oceanos, não a Amazônia. pic.twitter.com/JUQnmxlSTv
— General Hamilton Mourão (@GeneralMourao) August 22, 2019
Já o ministro contra o Meio Ambiente, Ricardo Salles, preferiu recorrer a uma publicação de extrema direita para culpar… a Bolívia. Esqueçam a redução na fiscalização, o aval para o desmatamento e a substituição de técnicos capacitados por apaniguados do governo sem nenhuma qualificação nos principais órgãos ambientais: “culpa da Bolívia” is the new “culpa do PT”.
— Ricardo Salles MMA (@rsallesmma) August 21, 2019
Fato é que Bolsonaro está nas cordas. Não faz mais nada além de se defender dos ataques da comunidade internacional preocupada com o destino da Amazônia. Quando é que o governo vai começar a trabalhar em vez de ficar nas redes sociais?
Lembrando que, em 2004, o então presidente Lula lançou o PPCDAm (Plano para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia), que resultou em uma considerável redução dos índices de desmatamento. Em 2019, Bolsonaro foi ao twitter.
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arthur em 26/08/2019 - 09h15 comentou:
oi, gente, tudo bom com vcs? adoro o site, acho extremamente criativa a forma como vcs conduzem tudo isso, todavia, adoraria deixar uma humilde sugestão. o país ta numa realidade muito dinâmica, vem ocorrido muitas coisas em pouco tempo, sinto que vcs não tão dando conta de discutir sobre determinadas coisas importantes no contexto político e social do brasil. a minha sugestão é: trazer o máximo de noticias e assuntos de maneira mais “condensada”, sabe?! algumas matérias de vcs são enormeees e com toda essa enxurrada de noticias que sai diariamente no país, fica “enfadonho” ler coisas tão longas, pq o que a gente quer mesmo é estar a par de tudo, então, quanto mais noticias lemos, mais informados ficamos. por essa razão, acredito que as noticias devam ser “compactas”. não sei se ficou claro o que eu quis dizer. um grande e caloroso abraço, camaradas.
Cynara Menezes em 26/08/2019 - 11h46 comentou:
a intenção aqui é CONSCIENTIZAR A POPULAÇÃO. se você quiser ler coisas condensadas, melhor ler a mídia comercial