Socialista Morena
Direitos Humanos

Uma playlist para fazer sua faxina enquanto a faxineira fica em casa (e recebendo salário)

Temáticas ou apenas dançantes, músicas para limpar a própria casa e manter as trabalhadoras domésticas no isolamento

Robin Williams em cena do filme Uma Babá Quase Perfeita
Cynara Menezes
29 de abril de 2020, 23h04

Na semana passada, a BBC Brasil divulgou uma pesquisa com dados impressionantes: 39% dos patrões e patroas brasileiros dispensaram suas diaristas na quarentena sem pagá-las. Nas classes ricas (A e B) o percentual é ainda maior: 45% deram calote em suas faxineiras.

Muita gente nem sequer as dispensou do trabalho. “23% dos empregadores e empregadoras de diaristas e 39% dos patrões de mensalistas afirmaram que suas funcionárias continuam trabalhando normalmente, mesmo durante o período de quarentena”, diz a reportagem.

23% dos empregadores e empregadoras de diaristas e 39% dos patrões de mensalistas afirmaram que suas funcionárias continuam trabalhando normalmente, mesmo durante o período de quarentena

Em março, os filhos e filhas das trabalhadoras domésticas divulgaram um manifesto no facebook alertando para o perigo que correm suas mães ao serem mantidas trabalhando em plena pandemia e para a necessidade de que seus salários continuem sendo pagos.

“O isolamento social é crucial e vai muito além da relação trabalhista. É uma maneira eficaz de evitar a exposição à aglomeração em transportes públicos e outras situações que favorecem a contaminação em massa, levando ao contágio comunitário, como já vem acontecendo. Fato que traz riscos aos empregadores e aos empregados”, defende o manifesto.

“A situação de pandemia indica que o maior número de trabalhadores neste momento (de grande risco de contágio) estão desamparados por leis trabalhistas. As diaristas estão em situação ainda mais precária e vulnerável, sem contratos legais que possibilitem, por exemplo, negociar adiantamento de férias. Por isso, encontram ainda mais obstáculos em se manterem e garantirem a segurança de seu coletivo familiar, pois recebem por dia trabalhado.”

É absurdo constatar a dificuldade de tanta gente no Brasil de limpar a própria casa, lavar a própria louça e própria roupa, de cuidar dos próprios filhos, de lavar os próprios banheiros. Resquícios da escravidão, porque no exterior é comum que as pessoas em geral façam isso. Na Europa e nos EUA, só gente muito rica mantém empregadas domésticas.

Para estimular as pessoas a manter as faxineiras na casa delas e a fazerem sua faxina, fizemos uma playlist para tornar o serviço doméstico mais divertidos. Algumas músicas foram escolhidas por ter a ver com o tema; outras, apenas porque são dançantes e dão aquela energia na hora de deixar tudo brilhando. Aumente o volume e mande ver na bucha, na vassoura, no rodo e no pano de chão. A lista, que continuará a crescer durante a quarentena, também está disponível no spotify e é colaborativa.

1. A Dança da Vassoura (Molejo)

Não há música melhor para varrer a casa do que este clássico do grupo Molejo, sucesso nos anos 1990. Saudades do Molejo, hein?

2. Vassourinha Elétrica (Moraes Moreira)

Essa é para quem prefere varrer em ritmo de frevo.

3. I Want to Break Free (Queen)

Para lembrar que serviço doméstico não é só para as mulheres, não.

4. Ensaboa (Cartola)

Até muito pouco tempo atrás, as pessoas tinham que lavar a roupa no tanque ou no rio. Agora com as máquinas de lavar, vamos combinar que não é esse trabalho todo.

5. Juventude Transviada (Luiz Melodia)

Lava a roupa todo dia, que agoniaaaa…

6. A Dona do Primeiro Andar (Originais do Samba)

Essa ou qualquer uma dos Originais do Samba, porque ninguém fica parado quando eles cantam.

7. Cotidiano (Chico Buarque)

Pra gente ficar sonhando com o Chico enquanto limpa.

8. Guantanamera (com Compay Segundo)

Esfregar o chão, mas sin perder la ternura.

9. Cota não é Esmola (Bia Ferreira)

Nada como valorizar o trabalho das domésticas enquanto limpa a casa. “Ela ainda acorda cedo e limpa três apê no centro da cidade/ Experimenta nascer preto, pobre, na comunidade/ Cê vai ver como são diferentes as oportunidades”.

 

 


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(2) comentários Escrever comentário

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EUGENIO DRUMOND em 30/04/2020 - 20h50 comentou:

Mas, Cynara,

e a Amélia, ai que saudade!

Fico muito puto, por que pro Lupcínio ela de dia lavava a roupa e de noite beijava a boca e etc. e tal,

pelo menos pro Chico a boca tava com gosto de hortelã, não da cebola que fazia seus olhos marejarem, tadinha.

Mas pinta lá um feijão naquele cotidiano, cruzes credos.

Emília também, que saudades, dei a ela todo o carinho, acabei sozinho, e logo eu que queria apenas
mulher pra lavar e cozinhar.

Essa mulata assanhada sempre fez pirraça e se fingiu de inocente, tirou nosso sossego e,
agora, o cabo da vassoura cai e a casa não se varre mais… (isso é de Sá e Guarabyra!)
Felizmente a cor não pega,

daria pra azucrinar mais um tanto,

saudações

Responder

EUGENIO DRUMOND em 30/04/2020 - 20h56 comentou:

https://www.letras.mus.br/sa-rodrix-guarabyra/1112278/

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