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Novos vazamentos sugerem que delações só eram aceitas se incriminassem Lula

Segundo a Folha, delação de Léo Pinheiro só foi aceita depois que ele mudou sua versão "diversas vezes" para agradar aos procuradores

O chefe da força-tarefa Deltan Dallagnol. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Da Redação
01 de julho de 2019, 21h16

Os novos vazamentos de diálogos entre os procuradores da força-tarefa da operação Lava-Jato sugerem que as delações “premiadas” só eram aceitas pelos procuradores se incriminassem Lula. E quem é que, preso, não diria o que fosse necessário para se safar?

É o que se pode deduzir do caso do executivo da OAS, Léo Pinheiro. Segundo matéria publicada pelo jornal Folha de S.Paulo neste domingo em parceria com o site The Intercept Brasil, a delação de Léo Pinheiro só foi aceita depois que ele mudou sua versão “diversas vezes” para agradar aos procuradores. “Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, só passou a ser considerado merecedor de crédito após mudar diversas vezes sua versão sobre o apartamento tríplex de Guarujá (SP) que a empresa afirmou ter reformado para o líder petista”, diz a reportagem.

“Uma pessoa que acompanhou as conversas da OAS com a Lava-Jato disse que, inicialmente, Léo Pinheiro descreveu o triplex como um presente que oferecera a Lula sem pedir nada em troca. A insatisfação dos procuradores o levou a mudar sua versão pelo menos duas vezes”

O executivo só apresentou a versão que incriminou Lula em abril de 2017, mais de um ano depois do início das negociações com a Lava-Jato, em fevereiro de 2016. “Uma pessoa que acompanhou as conversas da OAS com a Lava-Jato na época disse à Folha que, inicialmente, Léo Pinheiro descreveu o triplex como um presente que oferecera a Lula sem pedir nada em troca. Segundo essa pessoa, a insatisfação dos procuradores o levou a mudar sua versão pelo menos duas vezes até chegar àquela adotada em 2017.”

O depoimento de Léo Pinheiro foi fundamental para condenar Lula, mas agora o chefe da força-tarefa, Deltan Dallagnol, afirma que teria sido “apenas um dos elementos de prova que embasaram a condenação”. Que provas? Estaria ele se referindo ao famigerado power point?

Quanto ao juiz Sergio Moro, ministro da Justiça de Bolsonaro, sem ter o que rebater, preferiu ameaçar os jornalistas do Intercept. “Até quando a honra e a privacidade de agentes da lei vão ser violadas com o propósito de anular condenações e impedir investigações contra corrupção?”, disse, numa clara tentativa de intimidação.

O excesso de prisões preventivas para forçar delação já havia sido denunciado como “tortura” por vários juristas no Brasil e no exterior, inclusive o ministro do STF Gilmar Mendes. “O uso da prisão para obter delação premiada certamente não encontra guarida no texto da Constituição brasileiro. Isso tem outro nome e se chama tortura”, disse Gilmar em abril do ano passado.

Como disse o advogado australiano Geoffrey Robertson, são técnicas importadas diretamente da Santa Inquisição pela Justiça (sic) brasileira.

Ou seja, os vazamentos estão confirmando o que todo mundo sabia, até o Porta dos Fundos.

 


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João Junior em 02/07/2019 - 01h30 comentou:

O problema com a estética fascista é que ela é basicamente negação. Não existe uma autoafirmação de Bolsonaro com tantas vergonhas, sem falar nos retrocessos, que ele vem impondo ao Brasil. O que há é uma constante negação do PT. Essa foi a estética construída e reforçada dia após dia pela mídia, da qual Bolsonaro depende. Até o inimigo fascista é o mesmo: o comunismo. A culpa de Lula é uma violência simbólica que passa pelo mesmo processo, “ele é culpado porque não é santo (inocente)”… o jogo autossugestivo de que não sou santo então Lula não é também, não passa do moralismo sem moral que condena quem pensa diferente do pensamento hegemônico, que nunca foi o da esquerda. O materialismo histórico é o que desmonta o simplismo dessa retórica ilógica e que desvia o olhar do que realmente interessa: os corruptos estão roubando mais do que nunca!

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Jose carlos lima em 03/07/2019 - 04h57 comentou:

Moro, filhote de Fillinto Muller+
O BRASIL NÃO PRECISA DE UM NOVO FILINTO MULLER –
“A biografia do temido chefe de polícia da ditadura Vargas Em O homem mais perigoso do país, o historiador norte-americano R. S. Rose traça um perfil nada óbvio de Filinto Müller – que foi chefe do Conselho Nacional do Trabalho, líder de dois partidos políticos, líder da maioria no Senado em um governo democrata e três ditadores e presidente do Senado. Desde seu nascimento, em Mato Grosso, em uma família de origem alemã, passando pela educação católica, até sua morte, em 1973, em um acidente aéreo no qual a esposa, Consuelo, e o neto Pedro também foram vítimas. Para entender quem foi de fato Filinto Müller, o autor se voltou durante anos sobre esse personagem fundamental da história do Brasil. Entre suas fontes de pesquisa, mais de 66 mil documentos, 500 recortes de jornais, material impresso e 165 itens audiovisuais pertencentes ao acervo da Fundação Getulio Vargas, do período de 1924 a 1948. Anita Leocádia Prestes assina a orelha do livro.”

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