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Há 5 anos, direita “liberal” patrocinava golpe e pavimentava caminho para Bolsonaro

Acenar aos militares contra o PT foi um jogo perigoso cujos frutos envenenados colhemos agora; com a democracia não se brinca

Dilma deixa o Palácio da Alvorada em setembro de 2016. Foto: Lula Marques/Agência PT
Cynara Menezes
31 de agosto de 2021, 09h37

Nesta terça, 31 de agosto, completam-se 5 anos desde que a primeira mulher eleita presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, foi arrancada do cargo por um golpe jurídico-político-midiático. A mesma direita “liberal” que hoje clama contra Jair Bolsonaro (enquanto vota a favor de todos os projetos de sua agenda econômica no Congresso) patrocinou a deposição de Dilma por não aguentar esperar, democraticamente, pela próxima eleição.

Qual o legado do golpe contra Dilma? A julgar pela situação do país, o pior possível. A corrupção na política, principal desculpa para tirar o PT do poder, não acabou, pelo contrário. As instituições, enfraquecidas pelas manobras para destituir a presidenta, estão em frangalhos, incapazes de deter a escalada fascista. O único resultado prático do golpe foi pavimentar o caminho para Bolsonaro, que, como uma ameba, se alimentou do ódio destilado à esquerda para crescer e chegar ao Planalto.

Qual o legado do golpe contra Dilma? A corrupção não acabou, pelo contrário. As instituições estão em frangalhos, incapazes de deter a escalada fascista. O único resultado foi pavimentar o caminho para Bolsonaro, que, como uma ameba, se alimentou do ódio à esquerda para crescer

Sob qualquer ótica o país piorou. O desemprego explodiu, os trabalhadores e os aposentados perderam direitos, a fome e a miséria voltaram. Os preços do gás e da gasolina, bandeiras da direita e da mídia contra o PT, estão atualmente na estratosfera sem que ninguém vá a um posto de gasolina fazer escarcéu, como aquela moça da época da Dilma. Aliás, por onde anda ela? Por onde andam todos os indignados com o valor do dólar, hoje acima dos 5 reais? Cadê o colar de tomates de Ana Maria Braga?

Eu não esqueci dos atuais defensores da democracia da mídia comercial que iam ao Clube Militar flertar com o autoritarismo em nome de tirar o PT do poder… É muito triste constatar a falta de compromisso da tal direita “liberal” com o país. Não foi por falta de aviso. Éramos uma democracia jovem, ainda. Acenar aos militares contra Dilma foi um jogo perigoso cujos frutos envenenados colhemos agora. Não se brinca com a democracia para tirar adversário no tapetão. Para isso existem as urnas –e a dúvida contra elas que agora ameaça nosso futuro foi o principal algoz de Dilma, o PSDB, quem plantou. Bolsonaro só surfa na onda.

Os mesmos machistas, misóginos, mulheres jornalistas incluídas, que zombavam das falas da presidenta e até da forma como ela se vestia e caminhava (!!!), saudariam com entusiasmo a chegada da primeira mulher a ser eleita vice-presidenta… nos EUA. O complexo de vira-latas desenhado para quem não quer ver: em nosso próprio país, sabotamos e depomos a mulher que chegou ao cargo máximo da nação, enquanto lá fora bajulamos a gringa que se tornou vice.

“Hoje eu só temo a morte da democracia, pela qual muitos de nós, aqui neste plenário, lutamos com o melhor dos nossos esforços”, advertiu Dilma em seu discurso de defesa no Senado. Ninguém ouviu. Todos estavam surdos.

 


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(2) comentários Escrever comentário

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Mario em 01/09/2021 - 15h40 comentou:

Puxa Cynara… Triste e revoltante.

Responder

MONICA MARIA DE FIGUEIREDO SANTOS SILVA em 03/09/2021 - 13h05 comentou:

Impossivel crer que só haja uma solução para o país ,um governo de esquerda.onde 56 milhões de eleitores quis a mudanca.E o inferno e o caos prolifera ,sem se dá uma trégua até a próxima eleição.

Responder

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